2012-03-20
Intervistado: Beatriz Reis
Fonte ou autor:
A IV Colheita - Beatriz Reis
1- É reconhecida como uma das maiores impulsionadoras do quadro "heavy metal" da ilha Terceira. Quando, e como, surgiu a paixão pelo Heavy Metal?
Boa noite! Desde já, agradeço a oportunidade proporcionada pelo Metalicidio e espero conseguir responder bem a todas as perguntas que me forem colocadas.
A minha paixão pelo metal surgiu por volta dos meus 14 anos, quando comecei a ter contacto com alguns músicos e fãs de metal daqui da ilha. Sem dúvida que foi devido a eles que o meu gosto pelo metal cresceu. É essa uma das principais razões para eu achar que a interação entre os músicos mais experientes e os iniciantes no mundo do metal é muito importante. A minha geração é mais tardia; poucos são os da minha idade que conseguiram escapar ao “tsunami” de música electrónica de má qualidade que passa nos bares, nas discotecas e na televisão. Isso é de louvar, o facto de termos sido excepções à regra. Mas também, sem dúvida, que o devemos às gerações anteriores à nossa.
2- Como surge a ideia de criar "A Colheita"?
A ideia da criação de um festival surge numa simples conversa de café. É usual, na ilha em que estamos – e no quotidiano “metaleiro” – ouvir os músicos e os fãs de metal queixarem-se de que não há eventos e que têm bandas e que não têm oportunidades de tocar. E eu, não sendo diferente destes, também me queixava de ter pouquíssimas oportunidades de ouvir as bandas dos meus amigos tocar, sem ser na sala de ensaios. Então decidi parar de me queixar e resolvi fazer alguma coisa em relação a isso. A altura da procura, das perguntas e da vontade de fazer alguma coisa foi, sem dúvida, a melhor parte, desde que me lembro, de tudo o que implica a organização do festival. Tenho muito a agradecer ao Rogério Sousa, ao Miguel Linhares e ao Paulo Silva, pois foram incansáveis comigo e foram eles que me deram as respostas a certas perguntas que tinha e me ajudaram na concretização de certas tarefas. Afinal de contas, foi um mergulho no desconhecido para mim! E foram eles que me deram as luzes que precisava para perceber o que implica realizar um evento. Posto isto, pus as mãos à obra e, aos poucos e poucos, fui tentando aprender com os erros e com as críticas, de edição para edição. E sem dúvida que sem o meu pequeno – mas bom – grupo de trabalho, eu não tinha conseguido fazer nada. Tenho muito a agradecer-lhes, pelo apoio e pela ajuda que sempre me deram!
No entanto, a Colheita nasceu com o intuito de «colher» fundos para algo maior e mais ambicioso. Pelo caminho fui ganhando um certo afecto ao festival e, por agora, é o que o publico pode esperar da minha parte.
3- O Festival já vai a caminho da 4ª edição! Quais as principais dificuldades que tem tido para o realizar? Que gentes/entidades estão associadas e que apoios são prestados?
Infelizmente a minha maior dificuldade é mesmo em termos monetários, mas isso acontece com todos! É uma dificuldade cada vez mais observada em tudo o que sejam eventos e projectos culturais. Devo admitir que também é um pouco complicado às vezes tomar certas decisões ou ouvir comentários negativos ao trabalho feito pela organização. Mas é com eles que nós crescemos!
Quanto aos apoios prestados, infelizmente, são poucos e, até agora, nenhuns monetários. A Colheita tem sido sempre um festival auto-sustentado, mas isso cada vez se torna mais complicado, uma vez que queremos sempre melhorar a prestação dos nossos serviços. De resto, contámos com o apoio da Associação Cultural “Burra de Milho”, do site “Metalicidio”, a Associação de Jovens “JAÇOR” e da Junta de Freguesia de São Bento, que sempre nos apoiou no decorrer destas três edições que passaram.
4- Quais são as suas expectativas para os dias 6 e 7?
Sinceramente, só espero que não me dê muito trabalho para eu poder gozar os concertos também! Hehe, e espero ser surpreendida, acima de tudo. Espero ver caras novas, espero ver orgulho e carinho das pessoas pelo festival e pelas nossas bandas!
5- Tendo em conta que algumas das bandas presentes nesta 4ª edição já participaram em edições anteriores, acha que isso poderá ser prejudicial no que toca a haver uma menor aderência do público?
Acredito que não será prejudicial. Desde o ano passado que a Colheita passou a ser um festival anual. Acho que qualquer um compreende que não é possível fazer um festival aqui sem repetir bandas e, ainda assim, conseguir atrair grande número de pessoas. Por isso, não vejo isso como um impasse. Muito pelo contrário! Usufruamos das poucas oportunidades que temos e «atestemos» esses cartazes de bandas!
6- É notório que várias bandas com pouco tempo de existência têm feito parte de cartazes anteriores do festival. É um dos princípios d'"A Colheita" divulgar esses projectos (Ou até mesmo, servir como rampa de lançamento)?
Não interessa qual seja o estilo musical, não interessa o meu gosto pessoal ou dos meus colegas. Queremos dar oportunidade a todos!
7- Tem notado melhorias no festival de edição para edição?
Sim, especialmente na parte técnica. O trabalho em equipa tem vindo a progredir, mas até isso é algo que leva algum tempo a criar: um grupo de trabalho autónomo. Já tivemos várias pessoas a trabalhar no grupo. Algumas mantiveram-se, outras nem por isso.
Acho que uma organização leva algum tempo a aperfeiçoar-se. Muitas pessoas equivalem a muitas ideias e muitas opiniões. E tento sempre ouvir e respeitar as ideias de quem trabalha comigo!
8- Para quando a participação de uma banda de "fora-portas"?
Se tudo correr como previsto, nesta quarta edição vamos contar com um nome micaelense no cartaz. É um objectivo a atingir.
9- O que é que o público pode esperar desta 4ª edição?
Muito metal, muita energia e boa disposição. Espero que tudo corra conforme o planeado, pois estamos a trabalhar nesse sentido. Após estas quatro edições, devemos estar preparados para qualquer eventualidade que possa surgir. Compareçam no evento, divirtam-se, aproveitem estes dois dias de peso, boa música e apoiem o que é nosso!
Haja saúde!