Os Glicerina surgem a que propósito?
Os Glicerina surgiram pelo facto de eu e o resto do pessoal estarmos descontentes com o que se passa na nossa sociedade e tentarmos transmitir isso de uma forma musical (Punk Rock Hardcore). Somos 4 amigos que tocamos o que gostamos e, juntando o útil ao agradável, expomos a realidade, dura e crua.
Porquê, o nome Glicerina?
O nome Glicerina surgiu, através do desespero de encontrar um nome para o projecto, numa vitrina de uma drogaria. Soou bem e ficou. Mais tarde viemos a descobrir que é um tipo de álcool doce...e mais não digo.
Já eram fãs de Punk Rock ou nem por isso?
A verdade é que ambos os guitarristas (tanto eu como o Bisket) éramos fãs de longa data de Punk Rock. O Filipe (baixo) e o Zaymon (bateria) começaram a ouvir há uns tempos e curtiram.
As vossas letras são carregadas de um teor político muito forte. Estão descontentes com o sistema?
O sistema em que nós vivemos é a maior fonte de inspiração para escrevermos as nossas letras. A nossa opinião é que, se nos habituarmos a calar, nunca mais abrimos a boca. Para nós, a melhor solução é dizer as verdades e as coisas que achamos mal na sociedade, sem tabus nem preconceitos. A corrupção, a mentira, a falsidade e o conformismo são os quatro pilares da nossa sociedade, quer se queira, quer não. Porquê cingirmo-nos a isso e não contestar o que está mal?
Cantam unicamente em português ou não?
Escolhemos dar voz às nossas músicas na língua do Camões e dos nossos pais. Sem querer desvalorizar quem escolhe cantar noutras línguas, as mensagens que queremos passar só fazem sentido se for na nossa. Só cantamos em português em originais, mas tocamos alguns covers de bandas em inglês.
Quais são as vossas influências?
Temos como influências bandas como os Ramones, Pennywise, NOFX ou The Casualties. E como o que é nacional é bom, também Tara Perdida, Mata Ratos, Peste & Sida, Xutos e ainda os míticos Censurados.
Quais os objectivos da banda?
Como objectivo principal, queremos é abrir o olho do pessoal para os males do país. Neste momento, o nosso principal objectivo é arranjar melhor material...e arranjar outro local para ensaios. Mas tudo a seu tempo.
Têm datas agendadas para os próximos meses?
Temos umas ideias para futuros concertos durante os meses de Julho e Agosto, mas nada ainda definitivo.
Também fazes parte dos Death Paradox, num estilo que nada tem a ver com Punk. Também és fã de Death Metal?
Bem, não sou bem membro, visto que a banda não tem baixista, apenas estou a "ajudá-los" para eles poderem apresentar o seu trabalho ao vivo. Pessoalmente não sou grande fã de Death Metal, mas sei apreciar a qualidade do seu trabalho e admiro-o bastante.
Planos para a gravação de uma maqueta já têm?
Queremos gravar uma maqueta o mais cedo possível, mas infelizmente o dinheiro não nos proporciona...os nossos planos acabam por se cingir ao dinheiro que tivermos. Vamos tentar ganhar uns trocos aqui e acolá com uns concertos.
Estão satisfeitos com a vossa participação no IV Concurso de Música Moderna da Ribeira Grande?
Sim. O nosso principal objectivo neste concurso era sem dúvida mostrar o nosso som à comunidade e, ao que parece, uma parte reagiu bem. Foi pena não termos passado, mas de certeza que para a próxima corre melhor.
Que opinião têm sobre o nosso meio musical?
O meio musical micaelense, embora tenha uma forte representação em bandas de metal e menos bandas de outros estilos, está muito bem servido de oportunidades de eventos para ajudar as bandas locais/regionais. Mas se o pessoal simplesmente deixa de ir ver as bandas, o que tem acontecido muitas vezes, de nada servem os apoios, já que os maiores apoios vêm do público.
O facto de serem únicos na cena Punk Rock é benéfico?
Acho que não é nem benéfico nem maléfico. É indiferente, desde que não nos cataloguem e nos metam no saco das bandas "não-metal", tá-se bem. Só queremos tocar e continuar a fazer o Punk Rock que gostamos.