1997-07-01
Intervistado:
Fonte ou autor: Marco Amaral
Obscenus
O ano de 1993 marcou o nascimento dos Blind Death, banda que se propunha inovar e enriquecer o underground açoreano. Os responsáveis por este projecto foram os guitarristas Ruben Correia e Gonçalo Moniz. A orientação musical tendia para o Death Metal mas sem nunca esquecer a melodia, o line-up completava-se com as entradas do Miguel Ramos e do Marco Martins como baixista/vocalista e baterista respectivamente. No verão de 1994 e depois de uma paragem forçada, a banda decide recrutar um teclista, o Tiago Dias tentando dar à sua música uma nova orientação mais influenciada pelo Doom e Black metal. No seguimento destas mudanças a designação da banda passa a ser Obscenus. Dão-se um pouco mais tarde mudanças no line-up com a saida do Gonçalo substituído pelo Pedro Agrelos, e com a entrada do Marco Sousa um vocalista a tempo inteiro, deixando o Miguel de assumir os vocais. A primeira Demo \"Salvatore\" surge em 1996 e recebe boas criticas dentro do underground nacional, conseguindo a banda atravessar o Atlântico e dar alguns concertos no norte do país. De referir ainda que os Obscenus venceram alguns concursos nomeadamente, o \"Rock de Garagem 96\" e o \"Festival Novas Ondas 96\", e participaram na compilação em CD \"High Radiation vol. II\". A segunda Demo \"Nocturnus Exordio\" já está cá fora. Apoiem esta banda, entretanto convido-vos a ler a entrevista que se segue…
Marco
APHRODITE - Como surgiu a ideia de formar uma banda de metal?
OBSCENUS - Partiu de um conjunto de amigos que queriam demonstrar ao underground açoreano o que de melhor e mais recente se fazia no metal nacional e internacional.
A - Na vossa Demo “Salvatore” vocês apostam na originalidade. É essa a atitude da banda?
O - Sem dúvida nenhuma que nos dias de hoje só as bandas que apostarem na originalidade terão o futuro garantido, por isso é que nós tentamos, dentro do possível, ser o mais original, mas como é obvio é muito difícil isto acontecer, mesmo porque são poucas as bandas que actualmente no panorama nacional se podem gabar de serem 100% originais, se bem que 100% de originalidade não existe em nenhuma parte do mundo.
A - Ainda relativamente à Demo, nota-se que tentaram fazer as coisas o mais profissional possível, inclusivé com a distribuição de uma diskette com bio, fotos, líricas etc…, que é no mínimo original no nosso país. O que têm a dizer sobre isto?
O - Como é obvio e em sequência da pergunta anterior nós tentamos ser o máximo original possível, e foi por isso que surgiu por parte do nosso manager a ideia de lançar não uma Demo-tape, mas sim um promo-pack, que contivesse todos os pormenores sobre a banda. É claro que era uma grande aposta, mesmo porque nunca se tinha visto nada dentro do género em todo o meio metálico português se não mesmo europeu…
A - Querem citar algumas influências no vosso som?
O - É-nos muito difícil citar todas as nossas influências, isto porque nós somos seis elementos e cada um influencia a banda da sua forma, e cada um de nós tem as suas múltiplas influências. Mas de qualquer modo podemos dizer que vão desde Black metal passando por Hard’n’Heavy até mesmo música Pop e Clássica.
A - O que é mais importante para vocês, a parte musical ou lírica? Tentam passar alguma mensagem através da música que fazem?
O - No nosso caso pensamos que ambas são importantes, isto porque os nossos temas têm que ser ouvidos como um todo, isto é, a lírica e a música estão intimamente interligadas. Em relação à mensagem transmitida pelas líricas, apenas te podemos dizer que tem um significado muito peculiar e empírico por isso esta mesma mensagem pode ter significados diferentes dependendo de que as lê e interpreta.
A - Não pensam que o vosso som se torna um pouco inacessível para alguns metaleiros que hoje em dia preferem a sonoridade Black metal?
O - Penso que não, isto porque o nosso som também tem um certo conteúdo de Black metal, mas mesmo assim ainda existem metaleiros a ouvir o nosso tipo de som, e o exemplo é o teu caso que estás aqui a fazer esta entrevista.
A - Não é muito habitual surgir uma banda dos Açores. Julgam que isso até pode funcionar como uma vantagem? Costumam dar aí muitos concertos? E cá no continente?
O - Primeiro queremos dizer que surgem muitas bandas nos Açores, só que nunca chegam a ser conhecidas a nível nacional e por isso muitos pensam que só aparecem bandas nos Açores de tantos em tantos anos o que não é verdade, actualmente até existem bandas de mais. Em relação ao facto de sermos dos Açores é óbvio que isso nos traz muitas vantagens a nível do continente, porque leva as pessoas a ter uma curiosidade acrescida para nos conhecer, mas aqui nos Açores as coisas são muito difíceis e os concertos são poucos, felizmente temos um manager que está à vontade tanto a nível do underground nacional como em termos de conhecimentos aqui na região, e o resultado deste \"management\" foi demonstrado na nossa mini-tour \"A Dream Tour\" efectuada no norte do país. Contudo esperamos que ainda este ano possamos repetir esta mesma tour, agora alargada a todo o país.
A - Quanto a projectos futuros?
O - Sem duvida nenhuma que os nossos projectos para o futuro são iguais a todas as bandas, isto é conseguir um contrato com uma editora que nos dê condições para que se possa fazer um trabalho digno. Mas actualmente apenas estamos concentrados no lançamento da nossa segunda Demo \"Nocturnus Exordio\".
A - OK, uma mensagem final para quem quiser ler!
O - Primeiro queremos agradecer a tua entrevista e desejar felicidade à \"Aphrodite `zine\" e a todos os que nos lêem um abraço e que continuem a apoiar o nosso underground. Bem hajam.