1998-01-01
Intervistado:
Fonte ou autor: Marco Amaral
Obscenus
Mais uma vez nas páginas da Aphrodite, estão os Obscenus, e acho que não é preciso explicar porquê! A qualidade desta banda é mais uma vez evidente na segunda demo, \"Nocturnus Exordio\", que aconselho desde já a adquirirem! Mais alguns detalhes sobre esta maquete, e algumas curiosidades é o que poderão descobrir na entrevista que se segue.
Marco
APHRODITE - A segunda demo-tape dos Obscenus, \"Nocturnus Exordio\", saiu recentemente. Estão contentes com o resultado final?
OBSCENUS - Pode-se dizer que o resultado final foi satisfatório, contudo poderia ter sido melhor caso tivéssemos mais tempo, isto é, a gravação nos estúdios Rec´n´Roll foi feita a contra-relógio o que influenciou o trabalho final, mesmo assim pensamos que está minimamente aceitável.
A - Consideram que se verificou uma evolução relativamente à demo de estreia, \"Salvatore\"? Acham que a banda conseguiu atingir uma sonoridade própria e distinguível?
O - Sem dúvida nenhuma que a \"Nocturnus Exordio\" representa a nossa evolução, tanto ao nível musical (colectivo e individual), mas também ao nível humano, esta demo relata muito melhor o que nós somos como Banda, Músicos e Seres Humanos. Mas apesar de toda esta evolução continuamos a achar que a \"Salvatore\" também tinha essa capacidade, só que de uma forma menos madura, daí podes verificar que sempre que fomos para estúdio tentamos a todo o custo impôr uma sonoridade o mais própria possível, e parece-nos que conseguimos um bom resultado neste campo em ambas as demos.
A - Qual o significado de \"Nocturnus Exordio\"?
O - \"Nocturnus Exordio\" significa em latim a passagem do dia para a noite, mas no âmbito da demo-tape tal está comparado com a passagem da faceta angélica e pura da mulher (o dia), para a faceta maléfica e obscura (a noite), assim podes ver que a demo relata estas duas facetas e como facilmente uma leva à outra.
A - Porquê uma música em Português (De uma serenidade…)? Tem algum significado especial?
O - O tema \"De uma serenidade…\" foi o nosso primeiro tema cantado em Português e apareceu porque desde o começo da banda que estamos a pensar em compôr alguns temas em Português, mas para tal teríamos que fazer um bom tema, felizmente foi o que aconteceu com este tema, e foi através dele que conseguimos ganhar dois concursos nos Açores, isto porque as pessoas acharam que o tema estava original e que a língua Portuguesa encaixava perfeitamente na sonoridade da banda.
A - Como está a correr a distribuição desta nova demo? O número de vendas é um factor importante para os Obscenus?
O - Até ao momento já vendemos mais de 400 cópias, contando entre elas as cópias que foram adquiridas por quase todas as distribuidoras nacionais. Como é óbvio o volume de vendas é importante para nós, visto que é sinal de que as pessoas estão a gostar do nosso som, o que pode levar algumas editoras a se interessarem pelo nosso trabalho com vista a terem um bom negócio, afinal de contas todos sabemos que é das vendas que as editoras vivem.
A - E quanto a concertos de promoção, têm dado muitos? Para quando um regresso aqui ao continente?
O - Para promoção desta nova demo realizámos uma mini-tour que deu pelo nome de \"Nocturnus Tour\", contou com oito concertos, quatro nos Açores e os outros quatro em diversas cidades do Continente. Neste momento já estamos a preparar a próxima ida ao Continente, que se irá realizar nos mesmos moldes que as últimas mini-tours, só que ainda não sabemos em que altura do ano de \'98 será.
A - Sentem-se agora preparados para gravar um CD? Já foram contactados ou contactaram alguma editora nacional ou estrangeira neste sentido?
O - Neste momento todos nós nos sentimos capazes de gravar e lançar o nosso álbum de estreia, para isso estamos em conversações com algumas editoras que infelizmente não podemos dizer o nome.
A - Os Obscenus são já uma banda respeitada aqui no Continente, pensam que poderão agora continuar e mostrar o vosso trabalho por essa Europa fora…
O - Claro que sim, o nosso manager já está a começar a apostar no underground Europeu, já adquiriu alguns contactos e pelo que temos visto as pessoas estão a responder com muita curiosidade ao nosso projecto e a classificá-lo como um dos mais promissores da actual cena Portuguesa.
A - Esta segunda demo continua a conter bastantes referências à natureza, especialmente do Arquipélago dos Açores, obviamente. Falem-nos um pouco mais dessas Ilhas!
O - São pura e simplesmente uma das terras mais lindas do mundo, aqui a natureza reina com toda a sua força e beleza, que por vezes nos atraiçoa, contudo, e depois de muitas décadas de isolamento, solidão e emigração, os Açores estão numa altura em que se é agradável viver, já não estamos tão isolados do mundo e como tal a solidão é menor, daí que as pessoas deixem de parte a emigração e procurem desenvolver estas lindas Ilhas de Bruma.
A - Gostavam de ver a vossa terra invadida por turistas como na Madeira ou no Algarve?
O - É obvio que não, isto porque o turismo nestas partes do país, é um turismo de pouca qualidade em que as pessoas pura e simplesmente destroem as belezas que lá existem. Por outro lado constroem-se hóteis enormes sem olhar ao impacto que tal pode ter na natureza, daí que nós defendemos um turismo para os Açores, mas um turismo de qualidade, em que as pessoas que nos visitam não estraguem o que existe, e em que os empresários hoteleiros não tenham necessidade de construir enormes aberrações de betão que iriam obstruir a nossa paisagem.
A - Qual a vossa opinião acerca deste ano de \'97 em termos de metal, nacional e internacional? Algum facto que queiram destacar…
O - O ano de \'97 para os Açores foi um excelente ano, foi este ano que pela primeira vez uma banda Açoreana editou um álbum, que foram os casos dos Morbid Death e os Classic Rage, contudo a nível nacional as coisas ficaram um pouco abaixo, isto é houve menos bandas a editar, e a nível internacional verificou-se uma forte aposta de algumas editoras em bandas de black metal, o que levou inclusivé algumas bandas antigas a editar novos álbuns. Em relação a concertos, este ano foi mais fraco que o anterior, com menos bandas a passar por Portugal, e ainda a falta de concertos com condições para bandas nacionais. De qualquer forma pensamos que este ano foi um ano de transição e que o próximo será muito melhor.
A - A entrevista chegou ao fim, se houver algo mais que queiram dizer a quem ler esta entrevista, força…
O - Primeiro que tudo queremos agradecer a todo o pessoal da Aphrodite ´Zine por mais uma oportunidade que nos deram, e como é óbvio desejar a maior sorte para mais este número. A todos os que estão a ler estas linhas apenas desejamos que continuem assim a apoiar o nosso underground. Bem Hajam.