2008-11-29
Intervistado:
Fonte ou autor: J.F.A.

João Tiago Arruda Ex-Metalicídio forma “Mourning Lenore”

João Tiago Arruda, ficou conhecido no meio do Heavy Metal regional, por ter formado a banda, Schism, em conjunto com Ricardo Cabral no baixo e André Contente na guitarra. Vivia-se então o ano de 2000, altura em que proliferavam vários projectos de interesse em São Miguel. Quatro anos depois, trocou Ponta Delgada por Lisboa, a fim de ingressar no Ensino Superior.

Mais tarde, concretamente, em 2005, projectou e desenvolveu o site Metalicidio.com, uma enciclopédia de Heavy Metal, dedicada ao underground açoriano. O projecto é acarinhado por toda a gente e é reconhecido como importante, para a divulgação das bandas e projectos de alto calibre. Actualmente e, por manifesta falta de tempo, delegou essas funções a outras pessoas, de forma a que o projecto continue a dar o suporte que as bandas precisam.

Em 2008, decide colocar em prática todo um conjunto de ideias, - Riffs, Acordes, Notas - até então criadas por si e guardadas numa qualquer gaveta e formar os Mourning Lenore. A sonoridade, como se esperava, tendo em conta os Schism, só podia ser Doom Metal. Anathema, Katatonia, Paradise Lost, Agalloch, My Dying Bride, Novembers Doom e Desire, entre outras, são as influências reclamadas pela banda.


Antes de mais, qual o significado de Mourning Lenore, para além da tradução, obviamente?

Mourning Lenore é uma designação que está associada por um lado ao nosso estilo musical, o Doom Metal, pelo seu carácter lúgubre e saudoso e, simultaneamente, é uma alusão ao poema \"Lenore\" de Edgar Alan Poe, cuja mensagem de pesar e luto também está intimamente ligada com a nossa música, sentimental e melancólica.

Os Mourning Lenore são uma consequência da necessidade que sentiste em exteriorizar as tuas ideias?

Sim, completamente! Desde que deixei São Miguel, para vir estudar para Lisboa deixei de integrar qualquer banda e fui trabalhando em casa em riffs e pequenas ideias aqui e acolá, mas sempre, nesta direcção musical. Ao fim de mais de 3 anos a compor sozinho, decidi que era altura de dar o próximo passo e procurar membros para formar uma banda.

Foi fácil ou difícil arranjar músicos com a mesma ideologia?

Não, não foi tarefa fácil. O Doom Metal é um estilo de músico visto como algo menor dentro do Metal pois é lento e, geralmente, bastante mais melódico que a maioria dos subgéneros, pelo que é muitas vezes visto como demasiado pesado para quem não gosta de Metal e demasiado lento e melódico para os que gostam de uma das principais características do Metal: a adrenalina associada à rapidez. No Doom não há tanta adrenalina mas sim sentimento. Por isso acabam por ser poucos os músicos que compreendam este estilo. No nosso caso, em concreto, levamos uns bons meses até encontrar um line-up estável e só o conseguimos também por sermos poucos elementos.

Como é que funciona o processo de composição dos temas?

O processo de composição funciona de forma muito natural. Geralmente eu ou o outro guitarrista (João Galrito) levamos os riffs principais para a sala de ensaios e lá trabalhámo-los conjuntamente de modo a formar o tema. Basicamente nós os dois levamos os ingredientes e na sala de ensaios fazemos todos o bolo.

Como surge a possibilidade de entrar num Split-CD?

Esta excelente oportunidade surgiu graças ao Hugo Guerreiro, do blog Daemonium que trabalha com os Insaniae, banda nossa amiga. Eles conheciam o nosso trabalho e, como em breve vão lançar um novo albúm, ele sugeriu-lhes fazer este split em jeitos de antecipação do novo disco deles e simultaneamente do nosso lançamento.

Trabalhar com um produtor ligado a Moonspell foi uma opção musical ou uma estratégia de marketing?

Sinceramente, acabou mais por ser uma feliz coincidência do que outra coisa. O Fernando (Matias) já tinha trabalhado com os Insaniae e como a nossa baixista conhece-os bastante bem e acompanhou o processo de perto, sugeriu-no-lo para ser o nosso produtor.. Exploramos um pouco o curriculum dele e tivemos em conta, obviamente, os factores preços e distância do estúdio e decidimos que o Fernando era a pessoa ideal para trabalhar connosco.

Quando é que está prevista a saída deste disco?

Contamos que esteja cá fora no final de Novembro ou início de Dezembro.. desejavelmente!

Que portas achas que se abrirão com este trabalho?

Não penso muito nisso, porque são só dois temas. Isto funcionará apenas como um pequeno \"aperitivo\" para trabalhos vindouros. Vamos enviá-lo para o maior número possível de sites, zines, revistas, rádios, etc ver a repercussão e aguardar pacientemente. Não quero colocar a fasquia demasiado alta, pois gosto de ser surpreendido.

Para quando o primeiro show?

Estamos em negociações para que seja no final de Fevereiro de 2009, em Lisboa. Contámos também após o lançamento do Split-CD, poder marcar mais algumas datas, nos espaços que se mostrarem disponiveis para o efeito. Acredito que nesse aspecto as coisas deverão funcionar sem problemas.

Já agora, quando pensam actuar em São Miguel?

Para já é uma incógnita. Veremos o que o futuro nos reserva. É óbvio que gostávamos muito de actuar aí, mas logo se vê como será...

Que outros planos têm, para além da participação neste trabalho?

Os próximos meses serão dedicados à composição e a concertos pontuais, para depois então algures em 2009 gravarmos uma Demo-CD mais completa. Site: myspace.com/ mourninglenoredoom

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