2008-05-09
Intervistado: Gualter Couto e Petr Labrentsev
Fonte ou autor: Metalicidio.com
Nableena
Entrevistados: Gualter Couto e Petr Labrentsev
Entrevistadora: Filipa Matos
Façam uma breve apresentação, distinguindo a primeira fase da banda \"Nableena Box\", a pausa da mesma e o regresso mas como apenas \"Nableena\"..
Gualter: Tudo começou em 2003 comigo, com o Petr e o Pedro (ex baixista Stampkase). O Pedro e eu fazíamos parte de uma banda e o Petr era guitarrista de uma outra banda. A banda que eu tinha acabou, então eu e o Pedro combinamos para dar uns toques e então convidamos o Petr e ele aceitou.
Petr: Aí ficou o trio durante cerca de um ano. Nessa altura estávamos à procura de uma voz feminina, queríamos uma voz melódica, nada muito bruto. Como era apenas baixo, guitarra e bateria surgiu a ideia de usar samples. Nessa altura o António Pedro (guitarra Nableena) ia ligar os samples, não tocava guitarra ainda. E assim foi durante quase um ano. Entretanto o André Caraço tinha vindo de Lisboa e convídamos para fazer parte do grupo. Com mais uma guitarra vimos que as coisas ficavam melhores e nesse ano demos três concertos, sem vozes, era só instrumental. O problema das vozes era este, passaram pelo nosso grupo desde o inicio por experiência cerca de 28 vocalistas femininos e masculinos. Ora a voz deles não era exactamente o que queríamos, ora a música não era a que eles queriam ou chegavam lá ao ensaio e não conseguiam fazer nada. Chegou a um certo ponto em que o André começou a dedicar-se a outros projectos seus, chegamos a um certo ponto que não havendo vocalista na banda, o Pedro foi para Stampkase e tinha as duas bandas.. Depois disso decidimos fazer uma pausa para a banda ver a sua situação e assim ficamos um ano. Passado esse tempo o António já tocava guitarra e a certa altura falei com eles e decidimos fazer de novo. Ficamos novamente como trio eu, o Gualter e o António e decidimos apenas “Nableena” para o nome da banda. Palavra que definia o misticismo e uma certa indefinição da sonoridade. Era um som que não se conseguia definir, músicas bastante longas que iam sempre variando, ora eram coisas bastante pesadas ora coisas muito suaves e acústicas.Começamos à procura de baixista e o primeiro foi o Emanuel Paquete mas acabou por ficar o Rui Anjos (ex Kaos) no baixo durante algum tempo. Nessa altura comecamos a compor novos temas, já numa onda bastante diferente, músicas mais coesas, mais coerentes. Em 2006 decidimos ir a um concurso pois já tínhamos tudo pronto, a não ser a falta de vozes.
Gualter: Falamos então com João Melo e com o Filipe Vale (Opressive), com ele demos o concerto na Maratona de Rock e fomos ao concurso da Ribeira Grande, participamos também numa excelente iniciativa que foi a compilação do Metalicidio. Isso tudo abriu-nos muitas portas, as pessoas comecaram a conhecer Nableena, mais gente interessada na banda, só que depois o Filipe saiu e logo a seguir apareceu o Luís Franco.
Petr: O Luís viu a nossa actuação, já estava fora da cena metaleira há muitos anos. Começou a ir aos nossos ensaios e ficamos então com o João e com ele.
Gualter: Hoje em dia estamos com uma vocalista à experiência.
Acham que foi uma boa opção a junção destas duas vozes brutais?
Petr: Eles preenchem exactamente aquilo que sempre desejamos para esta segunda fase da banda mais, nunca houve dúvidas em relação a isso. O João Melo tem uma voz mais Hardcore a Metalcore, mais agudo, agudo arranhado e a voz suave limpa.. Por outro lado lado o Luís é baixo a nivel de voz e realmente a sua vocalizaçao mais para o Death Metal acaba por ficar de uma forma perfeita com a voz do João porque há aquela variação.
Como definem a actual sonoridade da banda?
Petr: Metal Core com um toque bastante forte de Swedish Death Metal e Death Metal clássico.
Associam-se a alguma banda da actualidade?
Petr: Apenas para dizer um nome que nos associamos bastante é Opeth. Mas também colocamos sempre elementos que não têm nada a ver e tentamos sempre dar uma sonoridade de uma certa forma com acordes dissonantes e nunca deixamos de fazer uso dos samples para aquelas ambiencias mais suaves e relaxantes.
Outras influências?
Gualter: Opeth, My Dying Bride.
Petr: Além desses Cannibal Corpse e Decapitated.
Uma vez que fazem parte de vários projectos musicais, não se torna difícil dar o tudo por tudo a todos eles?
Gualter: Temos que fazer uns truques nos horários, arranjar uns horários. Gostamos muito do que fazemos e aplicamo-nos ao máximo, se temos um projecto preparamo-nos bem para ele, estamos concentrados no projecto e pronto..
Petr: Para já tentamos sempre, dedicamos muito tempo e esforçamo-nos muito a cada um deles. Mas sim, “roubam” muito tempo e é um pouco difícil..
Gualter: Mas também se não fosse tudo isso, não sei como ocuparia o meu tempo.
Uma das grandes marcas da banda é a junção da agressividade e melodia do vosso som. Como é conciliar esses dois elementos?
Petr: Nós nunca deixamos um elemento mais pesado em deterimento do outro embora o mais pesado esteja bem mais presente que o mais melódico. Acho que a junção entre os dois elementos é que dá alguma singularidade na música e não é difícil. É preciso saber conciliar, saber fazer a junção das duas sem que haja excessos ou defeitos, que haja equilibrio.
De momento estão a gravar o vosso primeiro trabalho, como está a correr?
Petr: Está a correr bastante bem, mas também lentamente.
Gualter: Pelo menos temos a certeza que quando acabarmos vai ser uma coisa que satisfaça as nossas expectativas.
Em que moldes é esta gravação?
Petr: É caseira. Bom, caseira geralmente associam a falta de qualidade e nesse caso eu espero que o resultado final, apesar de não estar a ser gravada em condições profissionais, saía com uma qualidade que não seja muito inferior a algo feito em estúdio..
Como se sentem agora que estão a gravar o primeiro trabalho?
Petr: Muito sinceramente sinto-me cansado.
Gualter: Cansado e ansioso.
Qual o objectivo da banda com esta demo?
Gualter: Ter um trabalho.
Petr: Acima de tudo é a gravação do trabalho de vários anos. Queremos que fique realmente registado com uma boa qualidade e que nos possibilite um ponto final neste período do grupo e depois então continuar com novas ideias e com novos temas.
Que temas exploram?
Petr: Antes de mais, os temas da nossa demo, alguns deles já são temas muito antigos. Quanto às letras, a nível de temática baseia-se numa visão apocaliptica da vida humana, algumas vivências pessoais. Tentamos sempre fazer letras que deixem as pessoas a reflectir e além disso têm sido sempre feitas tendo em conta a sua sonoridade porque não basta fazer apenas uma letra ou uma poesia.
Gualter: Nas nossas letras é tudo dito de uma forma tão ambígua que qualquer pessoa pode identificar-se com elas.
A quem coube a composição das letras?
Gualter: O Petr escreve, o Luís escreve..
Petr: O Filipe Vale tinha feito duas letras, mais duas ou três foram feitas por mim e agora desde que o Luís e o João fazem parte do grupo as letras têm sido feitas por eles..
Quantos temas terá?
Gualter: Terá 8 temas.
E quanto à parte gráfica...
Gualter: O Luís está a tomar conta da parte gráfica. Provavelmente vamos mais tarde pedir ajuda ao Paulo Bettencourt para tornar aquilo em formato de cd para ser comercializado.
Já têm ideia ou já discutiram ideias para o nome do trabalho?
Gualter: Quanto ao nome ainda não sabemos.
E data prevista para o lançamento?
Petr: Será depois do Verão.
Planos a curto e médio prazo?
Gualter: Estamos só a pensar no que temos agora para fazer, tudo a seu tempo..
Ou seja acabar a demo, vender a demo e dar uns concertos.
Petr: A nível de planos nesse momento não temos nada em concreto enquanto não sair a demo. Depois disso e vendo os resultados do lançamento, iremos ter uma ideia e uma visão daquilo que é possível fazer.
E concertos em agenda?
Gualter: Temos dia 7 de Junho em São Roque e no dia 21 na Black Code.
Obrigada pela entrevista. Deixem umas últimas palavras..
Gualter: Continuem assim que está bem..
Petr: Eu acho que o João e as outras pessoas que têm participado no site têm uma grande paciência para aturar muita coisa. Apesar disso, o facto do site existir e não cair em alguma falta de força, estar vivo, continuar bem vivo e unir o pessoal metaleiro de cá, acho que isso é excelente. De resto, acho que o pessoal que está lá sabe o valor disso, embora algumas pessoas não...