2008-05-01
Intervistado: Honório e Dino Oliveira
Fonte ou autor: Metalicidio.com

Hatin Wheeler - gravação dos primeiros temas

A banda Hatin\' Wheeler nasceu há exactamente um ano e reúne músicos que já passaram por notáveis nomes da cena metal regional. Tiveram a sua estreia no Festival October Loud, sendo a banda a fechar o primeiro dia do mesmo e desde então não têm parado quer com a composição e gravação de temas quer com concertos.



Qual o vosso principal objectivo ao criar a banda?

Honório: Desde o principio da banda que nunca decidimos que género de banda íamos ser. Sempre quisemos que o nosso som fosse potente, essa era a cena base tinha de ser potente e perceptível ao vivo. Queriamos fazer aquele tipo de som que as pessoas vão ao concerto e embora nunca tenham ouvido a banda, atinam logo com a cena..queríamos que fosse uma coisa mais de concertos porque por cá é isso que fazemos, é tudo mais à base de concertos. Ninguém cá vende álbuns em números significativos por isso era esse o nosso objectivo.



E tem resultado o facto de ser uma banda mais para concertos?

Honório: Até tem resultado bem. Para mim foi mesmo deixar aquela postura muito séria, ensaiamos tanto ou mais que outras bandas que eu já tive, trabalhamos e mesmo a nível de gravações trabalhamos mais em comparação com as outras bandas que já tive.



O que significa Hatin\' Wheeler?

Honório: É um camião cheio de veneno. Os americanos chamam \"18 wheeler\" aos camiões grandes que têm 18 rodas e então usamos a fonética para criar o nosso nome..



Esse nome tem alguma relação com a ideia que querem transmitir?

Honório: Tem muito a ver com o som que tentamos produzir. Não é um som cheio de \"matemáticas \" e contratempos..



Como definem a nossa sonoridade?

Honório: Na nossa sonoridade está presente as influências pessoais de cada um, de todo o tipo de som. Não nos limitamos a um só som e a única questão que levantámos desde o inicio foi de facto não complicar muito as coisas de forma a manter a energia sempre em cima nos concertos. Não queremos entrar em grandes pormenores naquilo que tínhamos de fazer.

Dino: Agora já começam a sair umas coisas mais técnicas, mas sempre para não perder aquela cena de \"escachar\". Queremos que o nosso som seja uma coisa bem feita mas que não perca o balanço e que não seja uma cena muito elaborada porque senão em concertos tínhamos que estar mais atentos e queremos é para estar ali a beber uns copos e a curtir.



Identificam-se com alguma banda da actualidade?

Dino: O facto do nosso som ter uma fusão tão grande, fica dificil encontrar uma banda parecida.



Principais influências?

Honório: Machine Head e montes de cenas que ouvimos.

Dino: As influências que tenho não quer dizer que se veja logo directamente na música mas pantera é sem dúvida, sepultura, tool, a perfect circle, guano apes.. Gosto de tudo um bocadinho, soulfly também, mas ali tento meter de tudo um pouco mas uma cena que não seja muito elaborada mas sempre a abrir. Metal em geral desde que seja potente!



Em termos de feedback e participação nos vossos concertos, tem sido positivo?

Honório: Nos concertos as reacções têm sido bastante positivas, o pessoal curte e em termos de participação nos concertos tem sido muito fixe e acho mesmo que o som é propício a isso. No nosso último concerto, apesar de ter estado pouca gente, a meio do set já estava o pessoal aos pulos.



Como são os vossos ensaios?

Honório: Se fosses ver um ensaio nosso, o ambiente é sempre descontraído, estamos sempre na galhofa uns com os outros e isso depois aparece na música. Não é algo para ser com grandes cenas nem com grandes filosofias, cada um faz as coisas sem grandes pretenções. Temos uma relação muito descontraída uns com os outros e um ambiente mesmo muito bom a nível de ensaios o que para mim é fundamental pois o mais importante é teres pessoal com quem consegues lidar do que teres pessoal na banda que embora sejam grande músicos não consegues estar.



E como está de momento a banda?

Honório: Estamos a gravar, temos dois temas já disponíveis no myspace que dá para o pessoal ficar com uma ideia e neste momento estamos a gravar os outros temas.

Dino: Temos essa facilidade também porque tanto o Carlins como o Zé têm o curso de som.



Isto para uma demo?

Honório: Ainda não decidimos se depois fazemos cópias ou metemos só na net, está tudo muito em aberto ainda.



E não pensam num trabalho mais elaborado?

Dino: Sim, mais para a frente vamos fazer um trabalho mais elaborado, provavelmente uns 10/12 temas. Mas também não estamos com grandes planos, queremos mais é tocar ao vivo e agora com o Verão que apareça concertos.

Honório: Acho que ainda estamos a criar o nosso som, somos uma banda relativamente nova embora tenha pessoal com alguma experiência, mas como grupo ainda é tudo muito novo. Ainda estamos à procura de uma certa identidade, os temas ainda variam muito uns dos outros, não sei como será o futuro, mas não quero gravar um cd com 10 temas com os primeiros dez que a banda tenha. Quero ter pelo menos uns 30 para que assim possamos escolher.



Quem escreve as letras para a banda?

Honório: Eu e o Carlins.



Acham que é complicado manter uma banda viva na ilha?

Honório: Não, porque primeiro tens sempre oportunidades para tocar porque conheces toda a gente. Mesmo que tenhas uma banda que nunca tocou é fácil começares e falares com alguém a dizer que tens uma banda nova e vais andando enquanto que por oposição em outros sitios tens de ter uma maquete para mostrar. Posso dar o exemplo da minha experiência pessoal quando fui para Toronto com Tolerance 0, ficamos imenso tempo sem dar concertos porque tínhamos de levar a nossa bateria e assim.. Cá temos essa facilidade, por ser também um sítio pequeno não tens de fazer grandes deslocações. Às vezes fazíamos uma hora de autocarro para a sala de ensaios alugada. E depois cá o pessoal é relativamente unido, conhecem-se todos uns aos outros.

Dino: Por ser um meio pequeno também é dificil manter porque por exemplo o Batista foi estudar para o Continente e não há outro guitarrista que seja mesmo o que queremos, no entanto vamos ter de arranjar um para o substituir enquanto estiver fora da ilha. É fácil porque vontade não falta mas ás vezes é complicado em termos da vida que cada um tem. Mas com vontade chegamos lá, nem que os ensaios sejam de madrugada. Agora também estamos a fazer um sítio para que possamos ensaiar até ás tantas.



O facto de Tolerance 0 terem parado tem a ver com o que o Dino referiu: a distância, não?

Honório: Foi mesmo por dois elementos ficarem lá em Toronto e dois regressaram. Como era um grupo de trabalho com já 10 anos achamos que não fazia sentido continuar com pessoas novas, etc. A química nunca mais ia ser a mesma, não foi falta de interesse nem nada mas o pessoal ficou para lá e outros vieram.



Como vêem o Metal cá na ilha?

Honório: Há muitas coisas interessantes, umas mais do que outras. Temos montes de bandas de metal cá mas depois não vai muita gente como isso aos concertos, vai o pessoal das bandas e pouco mais.

Dino: Há muita variedade cá para todos os gostos e está cada vez mais a crescer, cada vez se vê mais pessoal a gostar também.



Alguma banda que gostem mais?

Honório: Stampkase, Spinal trip, psy enemy embora gostasse mais do trabalho deles no início mas reconheço que aquilo tecnicamente está muito evoluído. Morbid Death também e outras bandas que já estão extintas.

Dino: Fora essas Strapping Lucy e Nableena.



E se pudessem escolher uma banda para partilhar o palco qual seria?

Dino: Pantera, Deftones, Soulfly e Mudvayne.

Honório: Talvez Machine Head.



Já andas na música há muito tempo, pontos negativos e positivos da tua experiência como músico?

Honório: Positivos é mesmo tocar e é o que interessa e o que faz mesmo um gajo curtir são os concertos. Negativos alguma cena de alguma organizaçao mais rafeira, algum \"banho\" que se leve no Cashet. Nunca tive assim nada que influênciou a minha vida negativamente por causa disso, muito pelo contrário. Tem sido uma cena que tem enriquecido muito a minha vida, não sei mesmo o que ia ser de mim sem tocar música.



Concertos agendados?

Honório: Cancelados ou ainda de pé? Bom, temos no dia 31 de Maio no Coliseu Micaelense com Stampkase, Morbid Death e Concealment.

Dino: 6 de Junho ainda não sabemos o sítio e sei que é com nableena, zymosis e acho que com Sanctus nosferatu. Depois disso acho que é para 27 de Setembro. Até lá queremos ver se organizamos mais coisas, mesmo a banda. vamos a ver se no Verão arranjamos um sítio para tocar com outras bandas.



Tipo o X fest?

Dino: Sim, queremos organizar uma coisa assim desse tipo, não com intenção de fazer dinheiro mas para o pessoal tocar e curtir. O problema muitas vezes é mesmo o sitio, mas vai-se arranjar.



Mais planos para a banda..

Dino: Dar-lhe com força, tocar até não poder mais.



Últimas palavras para o Metalicidio..

Honório: É sem dúvida um veículo muito fixe para promover as bandas regionais. E para mim é muito porreiro porque ás vezes há bandas que não conheço e através do site fico a conhecer. Era fixe que o pessoal deixa-se de fazer novelas no fórum que sinceramente nao há paciência.

Dino: Força aí para o João Arruda porque o site é sem fins lucrativos e ele está ali, é preciso ter paciência.



Filipa Matos
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