2007-10-11
Intervistado: Nuno Terceirense
Fonte ou autor: Metalicidio
Sanctus Nosferatu - Da demoCD à estreia ao vivo
Sanctus Nosferatu, ao contrário do que muitos pensam, não são uma banda tao recente quanto isso, remontando a sua criação ao ano de 2002 e pela banda já passaram, inclusivamente, membros de Crossfaith, Hiffen, entre outras bandas do meio. No entanto, é em 2006 que a banda surge com força, de “cara lavada”, apresentando como membros de origem apenas o baixista e guitarrista.
Faz-nos uma pequena retrospectiva da banda, focando a primeira fase da vossa existência (2002), o interregno e o ressurgimento em força do ano passado.
A banda teve início como salientou em 2002, numa fase em que os elementos que a componham andavam virados para o trash metal old school sendo essa a sonoridade que apresentava-mos na altura.
Eramos todos amigos de longa data e o objectivo principal da banda nessa altura era promover o convívio dos elementos da banda. Posteriormente sairam 2 elementos, por motivos pessoais, e ai eu e o Helder decidimos iniciar um novo ciclo. Estavamos virados para o black metal melódico e com as entradas do Hugo vences Lau, Xiko e Pulga começou-se a trabalhar mais a sério, mas faltando sempre um elemento importantíssimo: o baterista.
Iniciou-se então a procura de um baterista que encaixa-se com o perfil por nós pretendido
e foi aí que começaram as diversas entradas e saídas dos já supra-citados bateristas. Facto esse que veio prejudicar, como é obvio, o funcionamento da banda. Essa teve uma paragem algo prolongada, cerca de um ano e meio, devido a saída do Xiko, vences e pulga.
Quando parecia que já não havia volta a dar surgiram dois elementos com qualidade e com vontade de desenvolver a sonoridade de Sanctus Nosferatu sendo eles o Nelson Félix e o Nuno (que na altura estava também a tocar em Summoned Hell).
Desta forma os Sanctus Nosferatu voltaram a tomar forma como banda e assim nos mantivemos durante algum tempo.
Praticantes de uma sonoridade que nem eu sei definir sendo essa mais vincada com a entrada do Dagraça e da Camila.
Quando tudo corria bem e já com a nossa promo-track gravada eis que sai o Nuno,
facto que nos preocupou e muito, mas que rapidamente foi ultrapassado com a entrada do Nuno Costa para a bateria.
Actualmente ostentamos um line-up que para mim é excelente muito pela forma como trabalhamos juntos mas principalmente pela amizade que temos uns pelos outros.
Um ponto de viragem na banda foi indiscutivelmente o concerto que demos no passado dia 15 de Setembro.
Como referiste anteriormente, deu-se a entrada do Nuno Costa (Stampkase) na banda. O Nuno passará a membro efectivo, ficará como convidado permanente ou é apenas uma situação temporária?
O Nuno Costa actualmente é membro efectivo da banda pelo menos é o que todos nós sentimos e ele também. Mas nunca nos preocupamos em perguntar-lhe directamente
o que ele sentia em relação a isso. Há coisas que não se perguntam demonstram-se!
Como foste encontrar duas vozes tão pujantes vindas da outra ponta da ilha (Nordeste)?
È uma pergunta engraçada! Eu conheci o Dagraça e a Camila através do Félix que tinha uma banda com eles, ensaiavamos no mesmo sitio e eles viram alguns ensaios. Eu na altura é que estava a fazer voz mas sentia-me \"preso\" a tocar por esse facto. Foi então que numa noite estava a falar com o Dagraça na net e disse-lhe que estava a ficar saturado da voz e que necessitava de vocalista imediatamente ele respondeu que poderia experimentar mais a Camila. Agradou-me essa disponibilidade. Fizemos um ensaio e o resultado foi brutal. Eles estão na banda de pedra e cal.
Outra boa aposta foi a adopção de uma vocalização feminina, não achas?
Foi uma aposta mais que ganha, não só pela versatilidade da voz da Camila, que vocaliza tanto guturais como voz limpa, o que nos permitiu abrir mais uma porta para explorarmos mais bases musicais.
Qual o balanço que fazes desta vossa primeira actuação ao vivo?
Como já referi foi um ponto de viragem para a banda e seus elementos. O som não estava o melhor mas foi o melhor conseguido perante as condições que tínhamos
o resto foi deixar fluir.
Que reacções obtiveram das pessoas que vos viram pela primeira vez?
Para ser sincero não estava à espera que a reacção das pessoas fosse tão positiva,
fiquei surpreendido. Quem veio falar comigo ou com qualquer elemento da banda falou de forma muito positiva e construtiva o que nos dá sempre mais força para continuarmos o nosso trabalho.
Estão mais concertos agendados este ano para vocês?
Não temos nada agendado infelizmente. Como estou a estudar no continente
é uma situação dificil conciliar altura de concertos com a minha estadia aí. Mas a banda continua a trabalhar em temas.
Lançaram há uns meses a promotrack Revelation. Como têm sido as reacções ao tema?
Temos tido críticas muito boas tanto a nível nacional como internacional, se calhar até mesmo mais a nível internacional.
Mas como em tudo na vida não agradamos a todos.
Para quando uma demoCD ou algum trabalho mais extenso?
Um trabalho mais extenso está previsto para o Verão de 2008, composto por 10 temas,
e que já está a ser gravado na Neburrecords pelo Ruben Moniz. Felizmente é possível devido ao apoio da secretaria regional da juventude e da ANIMA e claro ao nosso esforço pessoal.
Os Sanctus Nosferatu são possivelmente a primeira banda em Portugal que tem uma vocalista com um registo gutural, á semelhança de algumas bandas estrangeiras como, a mais conhecida delas, os Arch Enemy. São eles uma das referências para os Sanctus, especialmente para a Camila?
Respeitante á sonoridade aplicada por Sanctus nós não temos presente a influência de Arch Enemy, no entanto, que a Angela constitui uma infuência para a Camila, julgo que sim, o que penso que é natural.
Apesar de considerar que o timbre quer de uma quer de outra nada têm haver, são vozes completamente diferentes, isso na minha opinião pessoal claro.
Identificam-se com outra banda da actualidade?
Toda a banda tem a mesma opinião, não temos um som que seja semelhante a alguém, tentamos ser nós próprios. Juntamos numa so música diversas vertentes do metal mais extremo.
Quais as principais influências para a banda?
Death, Testament, Slayer, Cannibal Corpse e Dimmu Borgir e Iron Maiden.
Que impacto é que estas bandas tiveram no processo de composição?
Todos os elementos da banda têm referências diferentes e é ai que estas bandas entram. Tentamos colocar nas nossas músicas um pouco da sonoridade por todos nós apreciada
pois gostamos todos de coisas diferentes.
Fala-nos um pouco mais das sessões de composição. Usualmente, quem é que surge com riffs e estruturas? As diferentes linhas vocais da camila surgem por naturezaou, por outro lado, são bastante bem pensadas?
Respeitante à parte de cordas e percussão as composições são feitas por todos os elementos. Estamos na sala de ensaios e vão surgindo com naturalidade. Quanto à vocalização, essa já é mais pensada, pois temos 2 vocalistas e tentamos sempre procurar qual a melhor voz a usar em determinado tipo de parte da música. Nada está pré-concebido.
É complicado manter viva uma banda como os Sanctus Nosferatu numa ilha como São Miguel?
Julgo que as dificuldades que nós temos serão as mesmas que as restantes bandas de metal micaelenses. O cenário está a mudar e para muito melhor. Já se começa a visionar o futuro com melhores olhos. Agora uma circunstância é inegável: estamos um bocado restringidos
por habitarmos numa ilha. Mas nada que com trabalho, vontade, dedicação e uma ponta de sorte não superem.
E como encaras o futuro? Ainda há aí por aí muita energia e inspiração para levar esta banda por diante por mais uns longos anos?
Essa banda já aguentou muito. Eu e o Helder sabemos bem disso.
A vontade de toda a banda é enorme, o que quer dizer, que estamos aqui para continuar o
nosso trabalho com a mesma garra de sempre, portanto é uma banda para durar e para melhorar a cada momento que passe.
Para finalizar esta entrevista diz aos leitores do Metalicidio o que eles podem esperar da banda futuramente. Agradeço a atenção e espero que alcancem os vossos objectivos.
Primeiramente quero agradecer a todo eles. E dizer que podem esperar a continuação de um árduo trabalho visando o constante melhoramento da banda. Agradeço ao Metalicidio pelo excelente trabalho que tem realizado e à Filipa pela oportunidade desta entrevista e salientar a muito boa disposição aquando da realização da mesma.
Um abraço a todos os Metaleiros!
Filipa Matos e João Arruda