2006-09-06
Intervistado: Miguel Aguiar
Fonte ou autor: Metalicidio.com

Anomally - a revelação terceirense

Local: PC - MSN Messenger v7.5 (tempo real)
Hora: 10:40 am
Entrevistador: Rui Melo




Diz-nos quando surgiu esta \"Anomalia\".

Esta \"Anomallia\" com 2 L (risos) surgiu em Janeiro de 2005. No entanto, a ideia em si já data de alguns anos, sendo um desejo meu e do Tiago, mas que só em 2005 se tornou possível de concretizar.


Porquê este nome para a banda? Que mensagem querem passar?

Anomally surgiu de uma brincadeira. No entanto gostámos do nome pois está relacionado com espíritos, temas obscuros e isso são coisas que suscitam algum interesse por parte dos membros da banda. Por outro lado, achámos desde logo que o nome se aplicava bem à banda pois éramos uma banda um pouco anómala, tendo em conta que de início a nossa ideia era juntar o metal com alguns elementos de electrónica. Para além disso, a banda a princípio tinha um line-up que também não era muito normal: tinhamos dois teclistas, usávamos bateria electrónica, não tinhamos baixista. No fim de contas aquilo que queremos mesmo transmitir ao público em geral com esse nome por nós escolhido é que somos uma banda que tenta fugir do normal naquilo que faz a nível musical.




Apesar de curta a vossa existência como banda já contam com alguns altos e baixos não só a nível de entradas/saídas de elementos, como também a nível musical. Já está tudo definido ou Anomally é ainda um projecto em evolução?

Bem, eu não diria que tenhamos sofrido altos e baixos em relação a entradas e saídas de elementos. Tivemos alguns problemas em conseguir encontrar os membros certos para aquilo que queríamos fazer. O primeiro contratempo que tivemos foi mesmo conseguir arranjar um baixista para a banda; tivemos algumas tentativas por parte de vários interessados, mas nunca passou disso mesmo (tentativas). Mais tarde, aí por volta de Outubro, conseguimos finalmente falar com um baterista para ingressar nos Anomally. O Zefa, ex-baterista de Gods Sin, tinha as características técnicas perfeitas para aquilo que queríamos. Mostrámos-lhe o que tínhamos estado a fazer até aquele momento e ele ficou desde logo entusiasmado e aceitou o convite por nós feito. Após este \"problema\" resolvido começámos a ver que o que nos estava a fazer falta naquele momento era um segundo guitarrista para completar os temas que estávamos a fazer. Foram sugeridos alguns nomes, tivemos uma pequena \"audição\" com uma pessoa, mas esta mais tarde disse-nos que não tinha disponibilidade para ensaiar connosco. Pouco tempo depois falámos com outra pessoa, o Lote. Este foi a um dos nossos ensaios, tocou um pouco com a gente, demo-nos bem desde logo e isso foi um grande passo para ele ficar na banda. Claro está que a sua técnica não nos passou despercebida (risos). Como podes ver, não temos tido assim grandes problemas com entradas e saídas de membros, até porque saída mesmo só se deu com um dos elementos iniciais, saída esta que, segundo o próprio, se deveu a razões pessoais... Infelizmente o maior problema que temos tido em relação a elementos tem sido mesmo com o baixista. Neste momento contamos com a participação de Miguel Ângelo, mas apenas como membro convidado. Quanto a evolução, os Anomally, a meu ver, continuam sim em evolução, mas apenas em termos musicais. Neste momento já atingimos aquilo que achamos ser o \"nosso som\" característico. Queremos ver se não nos falta a inspiração e não cair em tentação (risos).




Como têm os Anomally reagido às críticas à DemoCD?

Ainda não tivemos muita disponibilidade para enviar o DemoCD, mas as pessoas que têm ouvido têm gostado bastante. Neste momento estamos a apostar mais na divulgação dos Anomally na ilha Terceira com concertos. Quanto a estes, temos recebido bastante boas críticas por parte de quem os vai ver. Isso tem-nos roubado algum tempo no que se refere à divulgação do DemoCD, mas por enquanto o nosso objectivo é conquistar o público da nossa terra e então só depois começar a divulgar a banda por outras terras. Também estamos com algum receio de enviar este DemoCD devido à sua qualidade. Temos a perfeita noção de que não tem a qualidade sonora por nós desejada, mas na altura em que o gravámos queríamos apenas ouvir como os temas estavam a soar. Na altura ficámos um tanto ou quanto satisfeitos com a sua qualidade tendo em conta as condições em que foi gravado e achámos que este seria um bom passo para a nossa divulgação. Estamos agora a acabar a nossa temporada de concertos e depois então vamos começar a aposta na divulgação da banda, ainda com este CD, por outras terras, nomeadamente S. Miguel e Portugal Continental, principalmente com o intuito de promover a banda a ver se para o próximo ano atingimos outros horizontes. Durante este Inverno esperamos gravar um novo CD com melhor qualidade e com novos temas; temas mais recentes que demonstram melhor aquilo que a banda tem vindo a desenvolver.


Este novo CD de que falas será novamente uma gravação caseira ou darão o próximo passo - estudio de gravação profissional?

Bem, ainda estamos a pensar como iremos gravar este novo CD. Cá na Terceira, se não estou em erro, só existe um estúdio profissional, o que nos restringe e muito na escolha. O factor monetário é a principal razão para não podermos avançar com uma gravação como a desejada por todos nós. Devido a estes dois factores ainda estamos a ponderar como será a próxima gravação. Eventualmente gravaremos a bateria neste estúdio que existe cá e o resto será, mais uma vez, caseiro. Caso não exista a possibilidade de gravar tudo, ou pelo menos a bateria, num estudio profissional iremos gravar tudo \"em casa\", mas desta vez com muito mais calma, com maior rigor técnico e tentar que desta vez tenhamos um som mais parecido com aquele por nós pretendido. Estamos com algum receio em gravar neste estudio pois metal não é a especialidade deles e não queremos ficar com uma gravação \"estragada\" devido a esse factor.


... Pode-se dizer então que sentem um pouco o peso da insularidade?

Infelizmente esta é uma realidade cruel para todos nós músicos regionais. Gravar um bom CD com a qualidade desejada é algo extremamente caro para quem anda praticamente a tocar \"para aquecer\" e todos nós sabemos que quem anda metido nisto gasta bastante dinheiro e sai sempre dos nossos bolsos. Se por acaso quisermos gravar algo com uma qualidade razoável podemos recorrer aos estúdios locais, mas se quisermos atingir outro patamar já temos de nos deslocar pelo menos a Lisboa ou ao Porto e isso traz grandes encargos. Mas apesar disso a realidade de hoje em dia é bastante diferente da de antigamente; a Internet tem vindo a ajudar e muito a divulgar as bandas regionais. Digo isso porque temos recebido e-mails da Polónia de um webmaster do site www.uumetal.com a pedir para fazer uma review ao nosso CD e isso obviamente abre as portas que estavam fechadas há muito tempo. Hoje em dia, com a Internet as bandas ficam desde logo expostas ao mundo em geral, por isso o factor insularidade já está a ser ultrapassado. Infelizmente, actuações fora da nossa ilha é que continua a ser complicado. Não há apoios, quem organiza os festivais normalmente quer que vamos tocar mas não querem ou não podem pagar as passagens e isso para nós é praticamente insustentável. Mas este é precisamente um dos nossos objectivos para o ano: tentar quebrar essa barreira e ir tocar a S. Miguel e ao Continente. Para isso vamos começar a promover a banda enviando o nosso DemoCD para as pessoas responsáveis.



Abriram a edição deste ano do maior festival de Rock/Metal dos Açores, o Angra Rock. Comentários?

O Angra Rock tem vindo de ano para ano a crescer e cada vez mais se torna num grande festival e obviamente que é uma, senão a maior, oportunidade para qualquer banda local. Este ano participámos no concurso principalmente com este objectivo e obviamente com o intuito de angariar o prémio monetário, fosse ele qual fosse. Infelizmente não nos foi possivel ganhar qualquer quantia, mas felizmente surgiu a oportunidade de tocar no Festival. Quando nos foi questionado sobre a nossa vontade de substituir a banda que havia ganho o 2º lugar devido à sua impossibilidade de virem cá tocar foi como se um dos nossos sonhos tivesse acabado de realizar e não quisemos desperdiçar essa oportunidade caida do céu...ou do inferno (risos). Pena ter sido mesmo por impossibilidade dos The Bliss, mas como dizem os Metallica: \"One man\'s fun is another\'s hell\". Quanto à nossa prestação no festival, foi desde logo penalizada por não conseguirmos projectar as nossas projecções durante o festival. De seguida começámos logo a ter problemas com o som em palco pois devido a um problema com a mesa de som digital perderam os nossos settings. Apenas digo que aconteceram coisas em palco nunca antes vistas... Em resumo, posso afirmar que foi uma honra para nós abrir o Festival Angra Rock e que as críticas que ouvimos daqueles que nos têm vindo a acompanhar e dos que nos ouviram pela primeira vez foram bastante positivas. Resta-nos aguardar e prepararmo-nos para o próximo concerto que já se encontra agendado para o dia 15 de Setembro no Festival Abismo.


Se pudesses, que Destino traçavas para os Anomally?

Bem, eu como membro da banda tenho o poder de pelo menos destinar o percurso da banda, como qualquer outro membro. Vou responder por mim, mas tenho a certeza que este é o percurso que todos nós desejamos. Esta pergunta vem ao encontro daquilo que já disse anteriormente: o primeiro passo que pretendíamos dar já o conseguimos, que era conquistar o público de cá (Ilha Terceira). Já há algum tempo que não havia uma banda de metal puro. Estamos a passar uma fase de surgimento de bandas na onda rock, punk e nós aparecemos de repente, vindos do nada com um som que temos consciência que não agrada a qualquer um. Felizmente, o feedback tem sido bastante positivo, deixando-nos verdadeiramente motivados. Uma vez concretizado este objectivo, o nosso destino passa principalmente por gravar um novo CD com melhor qualidade com o intuito de nos promovermos e aqui já posso dizer que era este o destino que pretendíamos para os Anomally, ou seja, tentar conquistar novos seguidores para aquilo que temos vindo a fazer e para o que ainda temos para mostrar. No entanto, temos perfeita noção de que deve ser cada passo de uma vez para que não aconteça aquilo que já aconteceu com outras bandas que ao quererem dar um passo maior que a perna acabaram por meter tudo a perder. O que queremos é ir conquistando aos poucos aquilo que pretendemos. O destino que gostaria de traçar para a banda seria conseguir ir o mais longe possível em termos musicais, mas se não o conseguirmos não nos chateamos pois temos a certeza de que demos o nosso melhor e se não o conseguimos foi por algo externo a nós.


Achas que o Metalicidio.com tem vindo a contribuir de alguma forma para a projecção dos Anomally?

Sim, tem vindo a contribuir porque o trabalho que tem vindo a efectuar ao longo do seu tempo de existência tem sido precisamente este: divulgar e apoiar todas as bandas regionais. Em relação aos Anomally, sinto que tem contribuido ao divulgar-nos pelo menos em S. Miguel, o que já é bastante bom. São de louvar este tipo de iniciativas pois qualquer contributo para uma banda é sempre bem vindo e nota-se que os responsáveis pelo Metalicidio têm efectuado um excelente trabalho nesta área sem qualquer tipo de interesse monetário. Aproveito para agradecer esta oportunidade que nos foi dada e dar os meus parabéns pelo vosso trabalho.

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