2001-10-19
Intervistado: Bruno Moniz
Fonte ou autor: World Music
Kaos - Teoria do Caótico
Formaram-se em 1997 e são um dos colectivos mais importantes da realidade musical dos Açores. Falamos de Kaos, um quinteto micaelense que revela já alguma maturidade, nos meandros do Nu-Metal.
Luís Aguiar e Bruno Moniz, respectivamente baterista e guitarrista de Kaos, falaram connosco sobre o actual momento que atravessam. O resultado segue dentro de momentos...
Até que ponto as saídas de Tiago Abreu (vocalista) e Luís H. Bettencourt (guitarrista) prejudicaram a banda?
Acabou por ser um choque para nós, até porque havia concertos marcados, que tivemos que cancelar à última da hora. No princípio, ficamos um bocado cépticos, mas acabamos por resolver a situação, colmatando essas falhas.
Essas alterações melhoraram a vossa sonoridade ou não?
Penso que não só melhoraram, como trouxeram mais qualidade à banda. O Rui Anjos tem muita experiência e isso veio ajudar-nos muito. Por outro lado, o Brian veio dar um toque diferente e original à banda.
Ao invés de um guitarrista, vocês optaram por um segundo baixista. Porquê?
Primeiro, porque não tínhamos nenhum guitarrista em vista; segundo, porque quisemos fazer uma experiência diferente, com dois baixistas e um guitarrista... e funcionou.
Até que ponto isso alterou o vosso som?
Basicamente, o som ficou mais \"grave\" que era o que pretendíamos...
Notam-se, apesar de poucas, algumas influências de Rage Against The Machine. Concordam?
Pessoalmente, não concordo... mas também não sou muito conhecedor do som dessa banda...
Sinceramente, não conheço bandas cujos vocalistas se comparem com o Brian. Creio, até, que é único... pelo menos, por aqui.
Já agora, como é que classificam o vosso som?
Isso é muito complicado, porque misturamos diversas componentes musicais. Digamos que está muito próximo do Nu-Metal... ou algo parecido... Repara que somos fãs de bandas como Deftones, Biohazard, Suicidal Tendencies...
Se calhar, juntava outros nomes como System Of A Down, Slipknot, Limp Bizkit...
Em termos de registos, vocês limitam-se ao tema incluído na compilação «Novas Ondas». Porquê?
Curiosamente, quando estávamos muito próximo do som que queríamos, aconteceram as já referidas alterações de Line-Up. Obviamente que esse passo ficou adiado para outra altura. No entanto, contamos fazer isso, logo que possível e depois, claro está, de reunirmos todos os apoios necessários... (risos)... ninguém é rico aqui...
Em termos promocionais, a Internet faz parte da vossa lista como motor de suporte?
Não! Recentemente, tivemos uma pessoa que se prontificou a fazer isso, mas ficou-se pela intenção e nada mais. É claro que isso é importante e em breve teremos uma homepage...
Em termos de espectáculos, este foi um bom ano para Kaos?
Sim, sem dúvida. Actuamos em Nordeste, Praia das Milícias, Festas de S. Pedro, Candelária, «Festival Ghettoway», «Aqui Também Se Faz Música»... Existe outra hipótese ainda, mas não está confirmada, por isso, não posso adiantar nada...
Foi difícil organizar o festival «Ghettoway 2001»?
Foi muito difícil, mas conseguimos reunir todo o suporte financeiro para esse festival. O balanço foi positivo e isso quer dizer que para o ano o «Ghettoway» estará de volta.
Nota-se, claramente, que os Kaos têm uma base sólida de fãs, um pouco por toda a ilha. A que se deve isso?
É bom sinal! Digamos que é o \"pagamento\" ou, se preferires, o reconhecimento que essas pessoas dão à nossa banda. É deveras gratificante atingir esse nível...
Isso quer dizer, obviamente, que esse público consome as mesmas sonoridades que vocês...
Essa é uma das razões pela qual temos sempre um público que adere ao nosso som, sem dúvida que é...
A quem cabe as tarefas de escrever as letras e compor as músicas?
As letras são da autoria do Brian, enquanto que as músicas são feitas por todos, na sala de ensaio... cada um dá ideias e depois conjugamos tudo isso na música que fazemos...
Qual a vossa opinião sobre os concursos de música moderna?
Na minha opinião, os concursos são dispensáveis. É mais útil fazer um festival com várias bandas, evitando assim a competição entre as mesmas. Depois, existe o eterno problema dos conflitos. Ou seja, todos querem ganhar, ninguém quer perder...
Porque razão existem conflitos ou rivalidades entre as bandas?
Pela simples razão de ninguém querer perder ou ficar em segundo ou terceiro lugar. Isso incomoda algumas pessoas...
Creio que isso, por vezes, é pessoal, ou seja, alguns membros dessas bandas que sentem alguma rivalidade por músicos de outras bandas e isso gera conflitos entre as bandas e deixa de ser um assunto pessoal. De qualquer forma, acho que actualmente isso já não acontece...
Para terminar, acham que os media da região apoiam devidamente a música que se faz?
Não está mau, mas podia estar bem melhor. Isso é inegável e toda a gente sabe disso. Em termos de jornais e rádio as coisas estão razoavelmente bem. Em termos televisivos, creio que se podiam fazer algumas coisas...
revista por José Andrade