2002-02-22
Intervistado: António Neves, Hélder Almeida, André Gouveia
Fonte ou autor: World Music

In Peccatum - O underground está vivo

Existem desde 1998 e são uma das bandas mais representativas do movimento underground regional e, porque não, nacional. Humildade, atitude e perserverança, são apenas algumas das qualidades do trio formado por: António Neves (guitarra e voz), Hélder Almeida (bateria) e André Gouveia (viola baixo). Na passada sexta-feira, a banda lançou a sua terceira maqueta, intitulada «Antília», num concerto acústico, que teve lugar no Salão Nobre da Junta de Freguesia de Fajã de Baixo.
O trabalho foi produzido por, Eduardo Botelho, nos estúdios da M.M.Music, e revela o excelente momento que a banda atravessa. De resto e, porque é um dado adquirido, os In Peccatvm são uma das razões que nos fazem acreditar que o underground está vivo. A Açores Magazine falou com o trio sobre a novidade.


A.M.: Quais são os objectivos desta Demo-CD?

H.A.: Antes de mais, este registo surge no seguimento lógico dos trabalhos anteriores. Quanto aos seus objectivos, podemos dizer que são basicamente comerciais. Pretendemos levar o nosso nome o mais longe possível. Ao contrário do que se possa pensar, não tencionamos angariar qualquer contrato discográfico, com este registo. É óbvio que se aparecer um distribuidor, isso sim, será do nosso interesse.

A.M.: Como é que surgiu a ideia de realizar um trabalho conceptual?

A.G.: Essa ideia não é nova, dado que as maquetas anteriores já seguiam esse critério, embora não tão trabalhado. O conceito, é sobre a \"Lenda das Sete Cidades\", ou seja, sobre algo que é tão açoriano como nós.

A.M.: Isso quererá dizer que, viver nos Açores, é um privilégio e não uma limitação?

A.G.: A maior parte das pessoas acha que viver aqui, condiciona os movimentos. Isso pode ser verdade até certo ponto. Nos Açores, porém, existem muitas condições para se fazer música. Aliás, enquanto que no continente existem centenas de bandas, cá não se pode dizer o mesmo, ou seja, existe mais hipótses de uma banda se destacar das outras...

A.M.: Este trabalho conta com um poema do Zeca Medeiros. Como é que isso aconteceu?

H.A.: Aconteceu por caso. Um dia, estava a navegar na Net e dei com a página do Zeca Medeiros. Depois a ler os poemas e ouvir os MP3, confesso que fiquei fascinado com um dos poemas e falei com os restantes membros da banda sobre a hipótese de se fazer algo. Eles concordaram. Um dia, encontrei, por acaso, o Zeca Medeiros na rua e falei-lhe na nossa banda e no projecto que tínhamos. Ele, por sua vez, achou interessante ter o seu nome ligado a um projecto diferente.

A.M.: Existem ainda muitas outras participações. Querem comentar?

H.A.: Digamos que a base foi da nossa autoria. Tivemos que arranjar, posteriormente, músicos para tocar alguns dos instrumentos. Assim, para além do Eduardo Botelho, que produziu a maqueta e colaborou com dois trabalhos de guitarra, tivemos ainda as participações de Alexandra Ávila (Águas de Março), nas vozes, a Ângela Ponte e a Vânia Ponte nos violinos, o Pasquale Sansanelli na viola e o Nuno Estrela no violoncelo. Foi muito interessante trabalhar com todos esses músicos...

A.M.: Como é que definem o resultado dessa sonoridade?

A.G.: Continua a ser \"metal\", embora de uma forma mais elaborada. Repara que a ideia conceptual levou-nos a incluir alguns instrumentos diferentes dos que habitualmente se usam no metal. Isso não aconteceu de forma deliberada, mas sim porque se justificava.

A.M.: Pode-se falar no início de uma nova era?

A.N.: Pensamos que não! Esse trabalho foi feito a pensar num conceito, daí a sua sonoridade. O próximo poderá ser mais pesado ou não, isso não está definido, como é óbvio...

A.M.: Como é que foi a experiência de estúdio?

A.N.: Antes de mais, aprendemos imenso com essa experiência. Digamos que foi o passo certo, na altura certa. Trabalhar com o Eduardo Botelho foi interessante, porque ele é músico e sabe o que faz. Para além disso, ele é muito exigente e isso dá-nos mais confiança...

A.M.: De quantas cópias vai ser esta primeira edição?

A.G.: Julgamos que trezentas cópias será o número indicado para esta primeira edição. Se se justificar, faremos uma segunda edição. Vamos apostar muito na promoção do trabalho, enviando-o não só para os locais onde já nos conhecem, mas também, para outros que se poderão revelar interessantes no futuro.

A.M.: Em que países vão apostar?

H.A.: Para além de Portugal, obviamente, vamos apostar muito em Espanha, França e Itália. Nos restantes países, vamos fazer chegar algum material, mas de forma menos intensa. O mesmo acontece com os Estados Unidos e o Brasil. Note-se que estamos a falar de promoção e não distribuição.

Foto de João Santos

Entrevista por José Andrade
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