Local: Bar Cantinho dos Anjos
Hora: 00:15 am
Entrevistador: João Arruda
Entrevistado: Nuno Costa
Ora bem, Stamp pode ter dois significados: carimbo ou selo. O mesmo acontece com Kase: pode significar mala ou caixa. Assim temos Caixa de Selos. Acreditamos que a banda funciona como uma caixa, como um núcleo, em que cada elemento da banda funciona um pouco como um selo, não no sentido lato, mas sim no sentido de marca, na medida em que procuramos deixar a nossa marca na sociedade.
Como surgiram os Stampkase e quais as metas a alcançar
Os Stampkase apareceram em Fevereiro de 2003 e estamos quase a comemorar 3 anos. Partiu duma ideia minha, do André e do Ruben e levou uns tempos a fermentar, anos até, inclusivamente o Ruben era para ser baixista mas ainda ia aprender a tocar (risos), enfim.. a coisa começou mesmo a andar foi quando o meu primo
…uma meta difícil de alcançar nos Açores?
Exacto, a profissionalização só é hipótese se uma editora apostar em nós, promover como deve ser e garantir concertos. Vai-se fazer tudo para o “grande” mas com prudência. Entretanto “Carpe Diem”, né?
Qual o feedback dos media no que toca à vossa Demo-CD Self Afflicted? Pelo que sei enviaram para alguns sites…
Sites, foi só o Metal Incandescente. Íamos mandar para muitas editoras mas a gravação tem muitas falhas. Quando a ouvimos pela primeira vez pensamos “bela cena” mas ao longo do tempo fomo-nos apercebendo das falhas e decidimos não mandar para tantas editoras o quanto era esperado. Quanto ao som, estamos satisfeitos com o trabalho do técnico, o problema foram apenas os “pregos” a nível de banda, nomeadamente vozes e guitarras. Esta foi a principal causa para que não mandássemos para mais sítios. A nível de reviews foi a já referida, críticas de “boca” aqui e ali. Além disso enviamos também a demo também para cerca de 20 editoras nacionais e estrangeiras. Obtivemos poucas respostas, mas todas elas positivas. Simplesmente disseram que não estavam à procura de mais bandas. Além disso foi só mesmo a rodagem no “Overdose”.
Qual é a sensação de serem os vencedores do maior festival dos Açores, o AngraRock, ainda mais por terem jogado fora de casa?
Não é como disse o apresentador do festival da povoação: “ agora os Stampkase... os campeões dos Açores!” (risos). A atitude não é bem essa. Acredita que uma das cenas que tornou aquilo belo foi o próprio fim-de-semana, e não me farto de dizer isso. Foi tudo impecável, vimo-nos lá fora todos juntos o que foi óptimo para testar a nossa união como banda e a camaradagem com as restantes bandas foi espectacular. Em relação ao prémio sinceramente não estavamos à espera. Claro que temos sempre uma pontinha de esperança de ganhar qualquer coisa, mas a ideia de ficarmos em 1º lugar era dificil, ainda mais porque haviam várias bandas Terceirenses, e se fosse uma delas a vencedora não me admirava nada, e até acho perfeitamente normal.
...qual é a sensação nos segundos antes de saberes que os Stampkase eram os vencedores?
Pá é indescritível... Tu congelas, ouves, e depois é uma explosão de alegria. Até aconteceu uma cena engraçada: a apresentadora ao anunciar o 3º lugar disse “ssssssss” e pensamos logo que eramos nós por causa do “s”. Mas não era a realidade, ela continuou “ sssssss.... Penumbra!” (risos). Foi uma brincadeira da apresentadora.
Apostava mais em Penumbra para ser a vencedora até porque é um estilo mais acessível. Porque sendo uma banda pesada é complicado, e deixava-nos com poucas esperanças. Até porque as bandas mais pesadas que lá estavam eramos nós e Psy Enemy.
... e o público? Notas diferença entre o público micaelense e o terceirense?
Há diferenças e porquê? Por exemplo, tocamos nas Sanjoaninas e no final do concerto o pessoal veio ter conosco a dar os parabéns e até abraços nos deram! Aqui (S. Miguel) niguém faz isso.
... consideras então o público micaelense mais frio?
Sim, é mais frio. Mas também já ouvi dizer que o contrário acontece, ou seja, que o público terceirense não apoia, ou é mais frio com as bandas locais... enfim, “os santos da casa não fazem milagres”. Por isso fico na dúvida em dizer qual é o melhor público.
Ao que sabemos a vossa prestação na Maratona de rock no Coliseu Micaelense não vos agradou de todo. Queres falar um pouco sobre isso?
Como até eu já disse para o Metalicidio.com, e não quero que a minha justificação sirva de desculpa, mas... foi a pior sensação que já sentimos alguma vez em palco. E o pior é que daqui não podiamos fugir, tinhamos de levar aquilo até ao fim! Sentimos que estavamos a fazer papel de palhaços, completamente. Sei que o meu primo (guitarrista) não estava a ouvir quase nada, eu tinha a bateria completamente às avessas em relação à posição que estou habituado a tocar, ou seja, foi quase dar nós nos braços! Saltaram-me baquetes e o par subselente estava muito longe. Ah...! Desapareceram-me dois pares de baquetes. Não sei o que se passou. Estava a montar o pedal, olhei para o lado e tinham desaparecido...
... então houve problemas a todos os níveis?
Epá... foi o nosso pior concerto! A prestação foi má, houve também problemas técnicos... um pouco de tudo. Não queria estar na pele dos técnicos. Deve ter sido complicadissimo. Mas penso que o ideal teria sido um festival repartido por dois dias. Acho a iniciativa engraçada, mas para próxima tem que ser mais bem planeada.
...e achas que o facto de terem sido a última banda a tocar influênciou a vossa prestação?
Se calhar... Passou tanta banda por lá que no final o som podia já estar todo marado. Também tocar àquela hora não é tarefa fácil. Mas pronto, foi por sorteio, não havia nada a fazer.
Falando de coisas mais positivas: teremos para breve um registo de longa duração dos Stampkase?
Se tudo correr bem em 2006 há-de estar um álbum cá fora. Estamos a amealhar uns trocos para a gravação e também falta compôr temas, até porque temos cerca de 20 temas, mas só 5 são da nova fase. Por isso queremos compôr ainda mais e bons temas. É imprevisível, mas em principio em 2006 estará cá fora.
... vão optar por gravar cá nos Açores, ou lá fora?
Estamos a planear gravar no estúdio PFL. Mas também digo que estou curioso para ouvir a qualidade sonora do CD dos Hiffen. Quero ter o CD na minha mão, ouvi-lo na minha aparelhagem e dai tirar uma conclusão. Gravar na MMMusic não, até porque não têm metade da logística em relação ao PFL, e para além disso já ouvi dizer que é mais caro! Conheço o Luís H. Bettencourt há anos e por isso tenho muita confiança nele. Nada melhor do que estar à vontade num estúdio.
O que achaste do Verão de 2005 a nível de concertos?
A nível de volume foi excelente. A nível de qualidade, tivemos os três icons do Metal Português, os Ramp, Moonspell e Tarantula. Só que, até mesmo os grandes foram prejudicados com o som. Outro problema foi os concertos serem uns em cima dos outros.
Para terminar, e para não fugir à regra, qual a tua opinião sobre o Metalicidio.com?
É um sucesso! Estou lá todos os dias, é extremamente útil, é uma cena que vai imortalizar o metal regional.
... uma última palavra?
Para os músicos: amem aquilo que fazem, muita dedicação, muito trabalho, muita honestidade. Quando se pensa que se sabe tudo... não se sabe.
Para o público: que se entregue mais, até porque assim estão a ajudar as bandas, pois torna-se um incentivo.
Para as organizações: levem as bandas de Metal mais a sério. Vejam as bandas como artistas e não como “toca a despachar”.